Os tempos mudaram, e como. A época das chuteiras pretas e clássicas se foi e nos acostumamos a assistir PARTIDAS DE FUTEBOL com jogadores (produtos de marketing) vestidos de chuteiras rosas, lilás, amarelas, laranjas, azuis, de diamantes, ouro ou penas.
A sensação de humilhação é, no mínimo, imensa. Nos tempos de outrora, tínhamos também um futebol muito menos “emperequetado”. Os recursos dos jogadores eram outros, consigo lembrar aqui de pelo menos 3 deles muito mal utilizados hoje em dia: o carrinho por trás, tesoura e entrada de sola. Hoje vemos aquele carrinho “xôxo” do coitado do David Luiz e acreditamos que aquilo é um carrinho bem dado, só porque ele comemora o desarme. Ridículo.
Passando para o campo de ataque, nos deparamos com os considerados lances geniais como o TOQUE DE LETRA, que qualquer Gabigol e Negueba fazem. Banalizaram o elástico, todo jogo alguém TENTA executar tal “dibre”, que foi criado por nada mais nada menos que o mestre Riva.
Pensando nisso me deparei com uma assustadora realidade: jogador moderno é o que sabe jogar em todas as posições do campo, é aquele que ataca e defende com a mesma frequência e intensidade, mas não sabe chutar de BICO! O famoso e muito utilizado na infância, quando portávamos aquela Kichute maravilhosa! Os goleirinhos ficavam apavorados quando estavam agarrando e vinha aquela “bicuda”! Quem foi goleiro sabe pelos dedos quebrados pela bola de futebol de salão (futsal é só para os fracos).
Nosso rei Romário ( porque rei só existe um…) foi um grande mestre quando o assunto era bico de chuteira. Quantos gols vocês se lembra dele fazendo nesta forma magistral? Bilhões, com certeza. O Ronaldo Gordo fez alguns também e todo mundo lembra daquele contra a Turquia, que foi um frango sem vergonha do goleirão!
Depois desses, ninguém mais nunca tentou, usou tal artimanha, não me venha falar no gol do Oscar, o Emboaba, em um dos vexames da Copa do Mundo aqui no Brasil contra a Croácia.
Hoje em dia a moda é fazer pose, pra tudo. Para chutar então parece que fizeram um curso de atuação com o Wolf Maia: mãozinha de lado, carinha de mal e a bola lá na arquibancada, ou melhor e mais constante, aquele chutinho mascado, sem vergonha, de um cara que ganha milhões por ano e faz “unicoeexclusivamente” isso desde que nasceu, ou seja, é a sua única responsabilidade!
Que acabaram com o futebol, todos nós sabemos. Mas acabar com uma herança secular que todos vivem na infância já é demais. Por mais ensinamentos na base sobre como chutar de bico. Por mais cara feia. Por mais tesouras. Por mais sangue. Por mais Kichute!
por Henrique Ruiz Vasconcelos