por Rodolfo Lex Luthor Araújo
Foi na interiorana Capivari, em São Paulo, que Armelino Donizete Quagliato começou a jogar vôlei, seu primeiro esporte.
Quando passou para os gramados, encontrou morada no quadrilátero das bermudas, lugar onde Átila passou, ou, simplesmente, na “zona do agrião”.
Confortável sob o travessão, jogou no Capivariano e Guarani no início dos anos 80. Três anos depois, foi pro Palmeiras, equipe em que experimentou as primeiras dores da forte concorrência de uma camisa pesada. Chegou a ser emprestado para o Londrina e o Toledo do Paraná.
No retorno ao Palestra, tornou-se terceiro goleiro alviverde e assumiu a titularidade graças a uma expulsão do então titular Martorelli. As boas atuações garantiram Armelino no gol. E ele fechou-o: chegou à marca de 1,2 mil minutos sem levar um tento sequer.
A admirável fase foi interrompida bruscamente por uma fratura na tíbia decorrente de uma dividida com Bebeto, que à época defendia o Flamengo. Com isso, Velloso tornou-se o camisa 1 palmeirense e, com Velloso pegando até pensamento e após difíceis negociações para seguir no Parque Antarctica (aquele estádio onde hoje foi construído uma “arena”), Zetti comprou seu próprio passe. Foi à Europa, mas logo depois atracou no São Paulo.
No tricolor, Zetti tornou-se Zeeeeeeeeeeeeeeeettttttiiii. O nome elástico refletia os movimentos do arqueiro em direção à bola. Sempre no limite, as pontas dos dedos pareciam relacionar-se com a pelota como no Dia da Criação, de Michelangelo.
Mão trocada, rasteira, encaixe, no ângulo: que criança não gritava Zeeeeetti ao defender uma bola difícil na rua ou campinho – E NÃO NA QUADRA DO CONDOMÍNIO GOURMET?
Dono de estilo próprio, optava pela calça em vez da bermuda. Chegou à seleção brasileira, gritou É TETRA com toda a justiça e fez história na equipe de Telê Santana, conquistando São Paulo, Brasil, mundo, Tereza Herrera, Ramón de Carranza e tudo o que surgiu pela frente.
Mas o jogo da vida de Donizete, segundo ele mesmo, não foi a final contra o Newell’s Old Boys no Morumbi em 1992.
Aconteceu em 1994, quando ele ironicamente parou o Palmeiras de Rincón, Mazinho, Edmundo, Evair e Zinho na partida de ida das oitavas da Libertadores daquele ano. Se o Telê tivesse colocado Levir Yashin e Gordon Banks debaixo daquelas mesmas traves do Pacaembu naquela noite fria, o jogo teria acabado 8×0 Palmeiras.
Veja no vídeo acima ele defendendo o canudo do Evair à queima-roupa. Zetti, às vezes, era maior que o gol.
Ao sair do São Paulo, emprestou suas glórias ao Santos, Fluminense, Sport e União Barbarense. Belíssima seleção de times, diga-se. Parou na hora certa, um ano antes do futebol acabar.
Virou treinador, comentarista, dono de escolinha de goleiros. No fundo, não importa: Zetti está na história de qualquer jeito. Voando alto, buscando o impossível no contrapé da mesmice.
#RIPfutebol #RIPGoleirosDeCalça
O link um ano antes do futebol acabar não está funcionando!
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